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Mercado Imobiliário pós-Covid

Mercado Imobiliário pós-covid. Esta é uma questão colocada por muitos, nos dias de hoje. Quer seja um proprietário com dificuldade em pagar o seu empréstimo de habitação, um inquilino que não sabe como irá pagar a sua renda, ou um investidor com dificuldade em lidar com a situação social dos seus inquilinos e as suas próprias dificuldades financeiras, é impossível não pensar no Mercado Imobiliário pós-covid.          

Para complementar a minha “Conversa Semanal” no YouTube, este artigo contém a opinião especializada de Bruno Araújo .O Bruno é Gestor de Propriedade, e já se encontra neste sector há mais de 10 anos. A sua vasta experiência, quer no sector de vendas como no sector de gestão de propriedade, e o seu profundo conhecimento do Mercado Imobiliário australiano permite-lhe ter um elevado nível de expertise, para poder falar sobre a situação actual e ter uma ideia do que o futuro trará a este sector.   

Como a pandemia afectou o Mercado Imobiliário

Quando a imprensa fala de Mercado Imobiliário, normalmente falam num sentido lato, e a pandemia separou a estas análises generalizadas muito mais do que nunca.     

Em Sidney, existem algumas áreas que foram afectadas de uma forma muito significativa, e outras que estão a remar contra a corrente e a apresentar resultados acima das espectativas.    

Estes resultados têm muito a ver com a demografia e o tipo de empregos existentes nessas áreas.

O mesmo se aplica ao mercado dos arrendamentos, algumas áreas apresentaram resultados razoávelmente bons, e outros tiveram muitas dificuldades, especialmente em áreas muito dependentes de estudantes, inquilinos que trabalhem no sector da restauração e pessoas que estejam aqui com Vistos temporários.

A cidade e a zona “Inner West” (zona circundante a Oeste) foram afectadas, pois estes inquilinos já não existem, quer por não terem emprego ou por terem sido forçados a voltar aos seus países de origem.

Em média e sem dúvida alguma, as Vendas desceram, mas a queda não foi tão drástica como algumas pessoas inicialmente previram, em parte devido a estímulos e apoios do Governo e, claro está, aos bancos terem ajudado de certa forma, com o congelamento dos empréstimos para habitação, por um período de 3 meses.  

O stock de propriedades para venda também diminuiu significativamente, oferecendo menos opções a potenciais compradores. Os compradores têm ponderado muito cuidadosamente e, propriedades acima de 1,5 milhões de dólares (certa de 917,000€) têm a tendência a permanecer no mercado por um período mais longo, a não ser que se situem num subúrbio ou localidade nicho.

Por outro lado, os Arrendamentos, sofreram a maior queda em anos, alguns senhorios não estão a receber quaisquer rendas e outros foram forçados a reduzir as rendas para metade, devido à covid. A intrevenção do Governo, com leis que proíbem senhorios de terminar o contrato de arrendamento teve um efeito enorme, havendo muito pouco ou nenhum apoio para senhorios. Embora os senhorios possuam um bem, não estão de forma alguma em melhor posição que os inquilinos, dependendo massivamente nos rendimentos provenientes das rendas para pagar as suas despesas e os seus empréstimos para habitação e, ironicamente, o Governo, de certa forma, deu o poder aos inquilinos para obterem reduções nos pagamentos, ou adiamentos, mas não deu quaisquer incentivos aos senhorios.    

Tem sido muito complicado para Gestores de Propriedade, que têm de conseguir conciliar as dificuldades emocionais e financeiras, quer de inquilinos, como de senhorios, e tentar chegar a um acordo que beneficie ambas as partes.  

Em Nova Gales do Sul, pelo menos, passámos pelos 3 primeiros meses de confinamento, de Março a Maio e agora estamos a usufruir de alguma liberdade, mas os nossos vizinhos em Victoria, infelizmente, estão ainda à espera de ver o final destas restrições de confinamento.  

O futuro do Mercado Imobiliário

A propriedade comercial terá de percorrer um longo caminho, antes de começar a recuperar das perdas avultadas ocorridas, não poderão recuperar, até que as fonteiras estejam abertas a nível nacional e as empresas possam operar normalmente.     

Para o sector empresarial, penso que alguns viram que é possível trabalhar a partir de casa e potencialmente eliminar espaço e renda no escritório, mas isto pode funcionar para alguns casos, mas não para todos, especialmente para empresas que tenham de gerir equipas de trabalho grandes.     

Com os Congelamentos dos Impréstimos para Habitação e “Job Keeper” (subsídio dado pelo Governo Australiano, a quem tenha deixado de trabalhar, mas esteja ainda vinculado à entidade empregadora) a terminar nos próximos meses, estaremos a entrar em terrório desconhecido e tudo dependerá de como a nossa economia responder às condições impostas pela covid, será possível funcionar com distânciamento social, rastreamento e higiene?   

Se as restrições não forem relaxadas, receio que alguns serão afectados, mas os efeitos não se verão nos meses seguintes, não acontecerá imediatamente, mas acontecerá.