Ser Freelancer

Há algumas semanas, li um artigo sobre freelancers, e como alguns sectores tratam os freelancers. Hoje decidi escrever algo sobre este assunto.

Não irei falar sobre a disciplina necessária para fazer este tipo de trabalho, uma vez que já abordei este assunto no meu artigo anterior. Gostaria de falar sobre outros aspectos da vida de freelancer.

No artigo, li que em  alguns sectores espera-se que sejam feitos “trabalhos teste” e que sejam produzidos trabalhos  gratuitamente. Embora nunca o tenha feito gratuitamente, sei que algumas agências exigem  traduções de “teste”, quando começamos trabalhar para elas. Sei também, que algumas querem estes trabalhos feitos gratuitamente, ou com um desconto elevado. Outros pagam o preço justo por estes trabalhos de teste. Uma vez fiz uma tradução de teste para uma agência, mas esta foi paga à minha taxa normal. Na realidade, este cliente nunca me pediu para fazer o trabalho gratuitamente, nem sequer com desconto, aceitou prontamente o orçamento e pagou pelo serviço prestado, na data acordada. Foi uma experiência muito positiva, mas estou consciente de que alguns colegas terão histórias diferentes para contar.

Penso ser algo que mostra desrespeito pelo freelancer e pelo seu trabalho. Se não vamos a um médico pedir uma consulta de “teste” gratuita, ou com desconto, antes de nos tornarmos doentes dele, porque haveremos de achar que é aceitável fazê-lo a um freelancer?

Isto poderá dever-se à percepção que as pessoas possam ter do nosso trabalho. Já tive pessoas que me disseram que isto não é um emprego, é um hobby, estou em casa e isto é um hobby para passar o meu tempo, e até coisas bem mais desagradáveis, que prefiro não mencionar aqui. Portanto, se é um hobby, suponho que aceitável pedir algum trabalho gratuito, é apenas para passar o tempo, certo? Não, não é. Ser freelancer é um emprego como qualquer outro, trabalhamos por conta própria, mas isso não significa que não trabalhamos árduamente e que estejamos apenas a passar o tempo.

Quando não estamos a trabalhar em projectos pagos, ainda estamos a trabalhar. Existem uma série de coisas que precisamos de fazer por trás, para que possamos dar a conhecer quem somos e os nossos serviços. Estes trabalhos podem ser eventos de socialização com outros colegas do sector, ou webinars e cursos, como parte integrante do nosso desenvolvimento profissional, escrever artigos, para que as pessoas saibam quem somos e o que fazemos. São trabalhos não remunerados, alguns até são dispesas que incorremos, como é o caso dos eventos de desenvolvimento profissional, mas todos eles são muito importantes para nós, e mais importante ainda, são todos trabalho.

O que considero ainda mais notável, é que no Séc. XXI, onde muitas pessoas trabalham a partir de casa e estamos a caminhar na direcção do “home office”, pois assim as empresas cortam custos nas rendas e outras despesas, as pessoas ainda têm estas ideias acerca de freelancers.

Cátia