O fim de uma era, que deixa lágrimas nos olhos de amantes da aviação. Na Quarta-feira, 22 de Julho, a Qantas retirou de circulação o seu último Boeing 747. Após uma longa carreira, a “Rainha dos Céus” conheceu o local do seu descanso final, o Deserto de Mojave, nos Estados Unidos.
Um dia triste para a aviação
Para alguns pode ser apenas um avião, uma máquina que os leva de A para B. Para muitos, como eu, é a Rainha dos Céus. A suas linhas são graciosas, como um lindo cisne voando no céu. Para quem tem a sorte de viver perto de um aeroporto e o viu aterrar ou levantar voo sabe do que estou a falar. Sim, é muito ruidoso, todos sabemos quando está para partir, apenas ouvindo o rugido dos seus 4 motores. É um bicho impressionante, e por décadas dominou os céus.
A sua história
A Rainha dos Céus teve origens militares. A ideia veio de um plano para construir um meio de transporte grande para as forças armadas, o objectivo era construir um avião com uma porta para carregamento, no nariz do avião. A Boeing perdeu o contrato, mas a ideia ficou, e quando a Pan AM a abordou para construir um avião de passageiros mais largo, para fazer face ao crescente número de passageiros nos aeroportos, melhorar os níveis de congestionamento e serviço, esta não podia dizer não a um dos seus melhores clientes da altura.
Em 1965, uma equipa começou a trabalhar nesse avião, desenvolvendo a ideia militar inicial, mas dando-lhe o novo nome, Boeing 747, nascia assim a Rainha dos Céus. A 9 de Fevereiro de 1969, fez a sua primeira viagem. Era o começo de uma era.
Qantas
A Qantas tem sido também um excelente cliente da Boeing. A sua necessidade de um avião que seja adequado para as suas viagens de longo-curso, fez do 747 a opção favorita durante décadas. O seu primeiro 747-238, VH-EBA, ao qual foi dado o nome de “City of Canberra” (Cidade de Camberra) fez o seu primeiro voo de Sidney para Singapura a 17 de Setembro de 1971. Levava 55 passageiros de primeira classe e 239 de classe económica. A companhia aérea estava tão satisfeita com o avião, que em 1979 foi declarada a única companhia aérea a operar com uma frota de apenas 747. A Rainha ajudou a companhia aérea a bater records e adquirir uma reputação invejável.
Eu tive a sorte de fazer a viagem de Sidney para Londres num 747-400 da Qantas e foi maravilhoso. Eu sei que sou um pouco parcial, pois adoro este avião, mas aquele voo combinou o excelente serviço e segurança da Qantas com um excelente avião. Também fiz a mesma viagem muitas vezes, nos dois sentidos, com a British Airways, outra das minhas companhias aéreas favoritas, e também adorei. Este avião é uma mistura de força e potência com graciosidade e estilo, é por isso que é a Rainha.
Fim de uma era
A Qantas finalizou a sua era 747. A 22 de Julho, a última Rainha, um Boeing 747-400, VH-OEJ, com o nome de Wunala, fez a sua última viagem de Sidney para o deserto de Mojave. O Voo 7474 marcado para partir do aeroporto de Sidney às 14h, fez um último voo sobre o Porto de Sidney, sobre as praias dos subúrbios a Norte e Este da cidade, voou também sobre Albion Park, onde se localiza o Museu HARS e onde está preservado o primeiro 747-400, VH-OJA. Disse adeus à sua irmã e todos nós. A caminho, ainda nos deu mais um mimo, se olhássemos para o radar de voo, veríamos que desenhou o nosso canguru voador nos céus. Foi um momento para muitas lágrimas.
Ela deixa muitas memórias maravilhosas em todos os que tiveram o privilégio de voar com ela. Eu tenho certamente.