Ver os pássaros voar

Ver os pássaros voar. Como amante da aviação, adorava vê-los novamente a voar pelos céus.  Para o sector da aviação é muito mais que um desejo de os ver no ar, mas sim a extrema necessidade de manter as suas empresas à tona.  Sabem que é seguro, mas será viável com as actuais restrições?

Segurança

Há umas semanas atrás, li um artigo partilhado no LinkedIn, acerca de filtros HEPA especiais, desenhados especialmente para o sector da aviação. Segundo o artigo, estes filtros limpam e substituem o ar dentro da cabine, a cada 3 minutos. O artigo afirma também, que o ar dentro da cabine é comparável a um bloco operatório, onde o ambiente é esterilizado.    

Se adicionarmos outras medidas preventivas, tais como a utilização de máscaras, verificação da temperatura, e higienização regular e adequada das mãos, eu diria que é bastante seguro voar. Na realidade, penso que é mais seguro do que visitar o centro comercial local, que todos sabemos se encontra lotado.      

As companhias aéreas foram fortemente atingidas por esta pandemia. O encerramento das fronteiras significa que não podem haver voos, e mesmo que estes sejam considerados seguros, se as pessoas não podem viajar devido às restrições nas fonteiras, não importa se é seguro ou não, não vai acontecer. Mas a realidade está à nossa frente. Mesmo com uma vacina, não me parece que este virus vá desaparecer de um dia para o outro. Então o que fazemos? Criamos um ambiente onde é possível funcionarmos e sermos cuidadosos, ou simplesmente vivemos isolados do resto do mundo e afundamos muitas companhias aéreas?

Penso que não é uma resposta simples, nem uma solução fácil, mas temos que começar a pensar em fazer planos para  “viver com a COVID, em vez de nos vermos livres dela”. As companhias aéreas estão a sofrer, milhares perderam os seus empregos e se não começamos a pensar no futuro, nunca mais vamos ver os pássaros voar. Eu sei que não existe economia se não houver gente, e não estou a dizer que devemos abrir as fronteiras e começar a espalhar o virus novamente. Mas, eu penso que está na altura de pensar em formas de regressar a uma “normalidade COVID” e em segurança. Nesse mundo, seria possível voltar a ver os pássaros voar.    

Na semana passada, a Alitalia anunciou que, 2 dos actuais 7 voos Roma-Milão serão voos  “livres de COVID”. Isto significa, que os passageiros terão de apresentar um atestado médico, como comprovativo de que fizeram o teste e o resultado foi negativo. Terão também de fazer um teste rápido de antigénios, antes de embarcar.   

Viabilidade

Estas medidas ajudarão a aumentar a confiaça no sector, quer por parte dos passageiros, como por parte dos governos. Poderia ser a solução futura para o sector, mas para que isso aconteça, as fronteiras internacionais têm de estar de novo abertas. E ainda não sabemos quando estaremos nessa posição.    

Tudo isto tem custos. O desinfectante para as mãos, as máscaras, os termómetros para verificar a temperatura dos passageiros e até os empregados extra, necessários para efectuar todas estas verificações. Ainda, a redução no número de pessoas permitidas dentro da cabine limitará a rentabilidade dos voos e consequentemente a sua viabilidade. Manter um avião no ar é um exercício muito dispendioso, desde os custos com o combustível, à manutenção, tripulação, alimentação, etc. Se o dinheiro que fazem em bilhetes não cobrir estes custos, não será possível ver os pássaros voar. Uma vez que, se as companhias aéreas tiverem que aumentar o preço dos voos para cobrir os custos, simplesmente perderão clientes, que já não serão capazes de pagar por um bilhete de avião. É uma situação muito complicada.      

No final

No final, tudo se resume a nós, cidadãos do mundo. Se todos nós fizermos a nossa parte, se mantivermos a distância, lavarmos as mãos regularmente, utilizarmos máscaras em lugares públicos, ajudaremos o mundo a recuperar desta crise. Se cumprirmos as regras, recuperaremos os nossos empregos, recuperaremos a nossa economia e, sim, poderemos voltar a ver os pássaros voar.